PALESTINA

ENTENDA O QUE FOI A NAKBA, A CATÁSTROFE DO POVO PALESTINO - Link para a matéria da Agência Brasil - https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/entenda-o-que-foi-nakba-catastrofe-do-povo-palestino

domingo, 25 de junho de 2017

BRT de Salvador, "um telhado sem casa"

Mobilidade  🚌& 🚇

Salvador é uma cidade que possui um dos piores e mais caros sistema de transporte público por ônibus do país. Não só a prestação de serviço é muito ruim, com ônibus de baixa qualidade no geral com um grande percentual da frota envelhecida, além de um sistema operacional obsoleto e ineficiente. Ao invés de dedicar esforços para resolver estas questões mais urgentes, bem como a emperrada integração física e tarifária, a prefeitura se perde na tentativa de emplacar um BRT inviável, contestável, absurdamente caro com consequências lastimáveis para o meio ambiente, para o tecido urbano da cidade  e as prováveis cicatrizes que permanecerão nos mesmos.

A.Luis
Pregopontocom
Salvador Sobre Trilhos

imagem ilustração
*O debate que ora toma conta da cidade sobre o controverso projeto do BRT da Prefeitura de Salvador,denominado Lapa/Iguatemi/Lip,ligando a estação intermodal de transbordo da Lapa,através de um corredor passando pela Av. Vasco da Gama,Av. Juraci Magalhães Jr.,e Av. ACM (no trecho da saída da Av.Juraci Magalhães Jr até o Iguatemi) chegando a estação Rodoviária (intermodal) na região do Iguatemi,vai se fortalecendo,a medida que a sociedade civil aos poucos vai tomando conhecimento dos efeitos e consequências negativas que esse projeto,caso seja concretizado, deixara como legado para a nossa cidade.
Muitos órgãos de imprensa limitam-se a noticiar argumentos dos lados contrários,os que defendem e os que criticam,porém sem entrarem no verdadeiro âmago do debate,e ao menos formularem questionamentos sobre a validade ou inviabilidade do tal "projeto",esse debate limita-se e ferve nas redes e nos Blogs alternativos que se dedicam especialmente ao tema da Mobilidade Urbana.
Questões importantes que impactam a mobilidade em nossa cidade e que precisam com mais urgência serem equacionados pela Prefeitura através da Semob tais como a integração física e tarifária intermodal,ônibus>Metrô>ônibus,a questão da racionalização e remanejamento das linhas existentes,dentro de um planejamento rigorosamente criterioso,adequando o sistema a nova realidade do transporte público da cidade com a chegada do Metrô,evitando assim a continuidade da existência de linhas longas e improdutivas (situação a ser resolvida com o sistema de integração intermodal) e a grande quantidade de ônibus vazios que circulam pela cidade,muitas vezes sendo flagrados andando em comboios,afetando drasticamente dessa maneira o custo operacional do transporte,debitando o ônus do alto custo da sua irracionalidade "na tarifa" paga pelos usuários do sistema.A racionalização do serviço com uma integração bem articulada,não só será benéfica para os usuários como será também para os operadores do sistema,pois,automaticamente terão por consequência uma redução substancial nos seus custos operacionais.
Persistir nessa teimosia descabida de construir um sistema de BRT contestável,sem antes solucionar e equacionar os problemas urgentes e necessários que travam a operacionalidade racional do sistema de transporte público afetando a "mobilidade", como todo,aumentando custos com reflexos econômicos e sociais extremamente negativos para a cidade e para a sua população,é como construir "um telhado sem casa",ou seja tentar colocar um telhado antes mesmo da casa ser construída.

*) Entrando agora no assunto específico do BRT apresentaremos aqui alguns dados do projeto:

Custos
Custos estimados em $820 milhões assim distribuidos - Valor da OGU = R$300 milhões /  Valor do Empréstimo = R$300 milhões / Valor da contrapartida do setor público R$220 milhões / Valor do investimento  R$820 milhões

Dados do Min. das Cidades (Clik para ampliar)
Resumo BRT Lapa – Iguatemi - Pacto pela Mobilidade

Empreendimento composto por dois trechos de acordo com as respectivas fontes de recursos:
* BRT Lapa-Iguatemi - Trecho 1 – Financiamento: trecho entre a Estação ACM (interseção da Av. ACM com a Av. Juracy Magalhães Jr.) e o Iguatemi (Ligação Iguatemi - Paralela);
* BRT Lapa-Iguatemi - Trecho 2 - OGU - trecho entre a Lapa (início da via exclusiva da Vasco da Gama) e a Estação ACM (interseção da Av. ACM com a Av Juracy Magalhães Jr.);
O empreendimento em fase de contratação, tanto OGU quanto FIN:
* OGU – depende de empenho para a contratação, documentação técnica em etapa avançada de análise. Entretanto, para o empenho será necessário que o município aprove o Plano de Mobilidade Urbana conforme a lei nº12.587 de 03 de janeiro de 2012. A previsão de aprovação do mesmo está para novembro/2015.
* FIN – Já habilitada, em análise na STN, entrada em 02/04/2015. Há pendências de engrenharia, documentação técnica não entregue. Previsão de solução para dia 15/06/2015.
Empreendimento Programa Tomador Valor do OGU Valor de Empréstimo Valor de Contrapartida Setor Público Valor de Contrapartida Setor Privado Valor de Investimento Situação
BRT Lapa-
Iguatemi Pacto pela Mobilidade P 300.000.000,00 300.000.000,00 220.000.000,00 0 820.000.000,00 Em contratação


Impactos ambientais
A construção do sistema deve suprimir cerca de 579 árvores existentes no canteiro central da Av. Juraci Magalhães Jr além do tamponamento do córrego no centro do mesmo,braço remanescente (ainda ativo) do rio Camarajipe que teve o seu curso desviado em 1970 pelo DNOS (Depto. Nacional de obras e Saneamento) na região do Iguatemi através de um canal artificial ligando-o ao Rio Pernambués indo os dois desembocar na praia do Jardim de Alah no Costa Azul.Essa intervenção do DNOS deu´se em virtude das enchentes que afetavam grande parte do bairro do Rio Vermelho durante as suas cheias.A supressão de árvores tem influência bastante negativa no clima da cidade reforçada pela substituição das mesmas por obras de arte de concreto.O tamponamento do rio limita a sua capacidade de carga hídrica nas temporadas de chuvas fazendo com que o excesso dás águas pluviais corram pela superfície dando origem a enxoradas e grandes alagamentos,o que já se tornou uma constante em Salvador,pois não se pode simplesmente atribuir ao tamponamento de um rio urbano o título de obras de drenagens.
Enquanto inúmeras cidades no mundo optam agora por recuperarem os seus rios urbanos devolvendo-os "sadios" as cidades e a população das mesmas,consequentemente harmonizando o clima e o ambiente urbano de convivência,esse projeto vai no sentido inverso dessa nova ordem "urbana" mundial,quando decididamente poderíamos muito bem pular essa fase antiga,já passada e retrograda. 

Elevados e Viadutos
Entre elevados e viadutos serão 10 construídos ao todo além das estações em nível elevado,numa clara agressão ao tecido urbano da cidade,com a supressão da paisagem natural existente e interferência no clima do local provocado pela grande quantidade de concreto das obras de artes a serem erguidas.

Pesquisas OD
As pesquisas OD (origem e destino) não aparentam ser muito claras,no que se refere principalmente
a OD Lapa/Iguatemi "especificamente",não encontramos nenhuma citação nesse sentido,e deixam duvidas se  o fluxo de passageiros justificaria o sistema tendo o corredor da AV. Vasco da Gama como parte do seu trajeto.

Clik para ampliar
A melhor solução
A rota Lapa/Iguatemi,hoje já é coberta pelo sistema metroviário,realizando esse percusso em 15 minutos com 6 paradas´intermediárias,includa ai a estação Rodoviária,certamente não terá nem um ganho substancial com a inclusão de um sistema sobre pneus de capacidade inferior de atendimento de demanda,(Metrô = 80mil pasgs/h.sentido - BRT19mil passgs./h.sentido) ainda que por uma rota alternativa com demanda questionável principalmente na Av. Vasco da Gama,salve-se o trecho compreendido entre o Parque da Cidade e o Iguatemi incluso no trajeto,assim sendo o futuro desse BRT poderá ser incerto.
A solução alternativa com custos bastante reduzidos,sendo menos agressiva ao tecido urbano da cidade,bem com o aproveitamento da infraestrutura existente, com uma grande perspectiva de demanda,seria a implantação de um sistema BHLS (Bus with High Level of Service) uma opção mais moderna e mais leve de sistema de corredor de ônibus já bastante adotada em várias cidades pelo mundo e também em algumas cidades brasileiras que desistiram do projeto de BRT a favor do BHLS como Palmas e Londrina.A cidade de São Luis (MA) apesar de equivocadamente usar o nome de BRT também já esta pondo em prática o seu projeto.
Teríamos então um sistema BHLS no corredor da Av. ACM,alimentando o Metrô e articulado com o sistema convencional de ônibus,ligando a estação multimodal Rodoviária ao Itaigara/Pituba,bairros com forte e potencial demanda de passageiros de origem residencial e comercial nos dois sentidos,além da abrangência nos bairros lindeiros ao longo da avenida.Este corredor exigiria a construção de um único viaduto,sentido ladeira do Canto da Cruz,logo após a Comercial Ramos a entrada do Parque da Cidade.
Este sistema possibilitaria ligações importantíssimas através da integração do sistema Metroviário e entre toda essa região margeada a Av.ACM com três (03) vetores distintos da cidade, - a 1ª) uma ligação como Bonocô/Lapa/Centro, a 2ª) ligação seria com a AV.Bairros Reis/Br.324/RMS e bairros lindeiros, a 3ª ligação seria a Av. Paralela/São Cristóvão/Lauro de Freitas e RMS.
Com potencial demanda este corredor terá tudo para se tornar operacionalmente e também economicamente viável e produtivo.Para sua implantação seria necessário apenas a construção de um único viaduto,o aproveitamento da faixas exclusivas já existentes,mais nunca usadas de maneira persistente,a adequação das baias e pontos de parada (no trecho entre o Parque da Cidade e o Parque Julio Cesar estas obras estão inclusive já sendo realizadas),a implantação de sistema de fiscalização eletrônica para evitar invasões e evasões e de sistemas de semáforos inteligentes privilegiando a operação do sistema e o monitoramento eletrônico de toda a operação.Além de tudo isso o BHLS,devido a sua estrutura mais simples e mais leve,causaria um impacto muito menor no futuro com a diminuição de custos,caso haja a necessidade da implantação de um sistema de transportes de alta capacidade para atender ao crescimento da demanda na região ao longo dos anos.
Quanto custaria isso?....e qual seria o seu real beneficio?

Ilustração/Salvador Sobre trilhos


viaduto sentido Iguatemi/Pituba - Ilustração/Pregopontocom - Google Maps 

Considerações finais
Ainda sobre o elevado custo do projeto,faz-se necessário esclarecer que o debate sobre o mesmo não pode se restringir única e exclusivamente aos valores a ele destinados.Há um custo que vaga escondido pelas sombras do ref. projeto.O custo ambiental será altíssimo,a supressão do verde que atua como um filtro do ar na região de toda a Av. Juraci Magalhães,o tamponamento do rio que limitará a carga hídrica do mesmo,a impermeabilização do canteiro central,e a grande quantidade de concreto que será despejada na região com a construção dos elevados e viadutos (obras de arte),trarão consequências danosas para o clima local,tando na qualidade do ar como na temperatura.Além de interferir negativamente na convivência urbana local,deixará como herança um legado desastroso a ser reparado em futuro próximo.
Se faz necessário que a prefeitura coloque esse projeto independente de audiências que por ventura já tenham sido realizadas, sobre um amplo,abrangente e conjunto debate com a sociedade civil,e com diversas entidades como,o CREA,o Instituto de Arquitetura o CAU,MPE,Fac. de Arquitetura,Esc. Politécnica e tantas outras,que poderão participar opinar e certamente dar a sua colaboração substanciosa,para elaboração e construção de um projeto de consenso que possa se torna-lo viável e benéfico para a cidade,ao invés de se tornar apenas um grande "monstrengo" com o qual Salvador se verá obrigada a conviver por herança,fruto de uma imposição vaidosa,arbitrária e desnecessária.Tentar dar seguimento a construção de um projeto visivelmente equivocado ao invés de priorizar soluções para problemas mais urgentes,como a integração intermodal,a racionalização e remanejamento das atuais linhas de ônibus,investir na renovação,na melhoria da qualidade,no conforto,e na modernização da atual frota de ônibus,dar agilidade ao sistema proporcionando viagens com tempo de duração mais curto aos seus usuários,repetimos, é tentar colocar um telhado em uma casa que ainda não foi construída,é tentar esconder sobre a "capa do BRT" a construção de vários elevados e viadutos e a consequente impermeabilização do canteiro central de uma Av.que ainda respira verde,isso, não parece ser algo justo para com a nossa cidade,para com o seu patrimônio,para com o seu futuro e muito menos para a sua população.Salvador decididamente não merece isso.
Pregopontocom  25/06/2017

*O conteúdo dessa matéria,referente ao projeto do BRT Lapa/Iguatemi/Lip, é fundamentado em informações existentes no projeto do BRT,fornecidas ao Ministério das Cidades pela Prefeitura de Salvador, e obtidas através de consulta publica nossa,pleiteada com base na Lei de Acesso a Informação (Lei nº 12.527/2011).


Ilustrações
  












viadutos e elevados para ônibus
 e outros veículos





VEJA TAMBÉM - QUE CORTEM AS ÁRVORES,TAMPEM OS RIOS,MAIS SALVEM O BRT

5 comentários:

  1. Ca estamos em maio 2021 e.as obras do BRT avançam. A integração inter modal ja em operação e a racionalização das linhas feitas. Mas o sistema Integra em crise com ônibus em sua maioria velhos. A pandemia de Covid19 só agravou a crise.
    A verdade é que o projeto executivo não foi divulgado. No site oficial o que vemos são imagens do projeto conceitual. Nao vi detalhes como a ligacao da Av. Vasco da Gama e Lapa nem da estação Jd Namorados(Pituba).
    E curioso estou sobre essa estacao Iguatemi com acesso subterraneo ao metrô,
    Um outro modal está sendo construido o monotrilho. A L1 ligando Comércio- Ilha de S João e a 2, S. Joaquim - Acesso Norte. A promessa é integração intermodal e tarifária com metrô, onibus e BRT. A seu tempo, vai ser outra novela a questão da tarifa.
    Ansioso pra ver como em 2026 vai está a mobilodade em Salvador!!

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  2. Bruno Silva, na verdade esse BRT foge totalmente dos conceitos técnicos e operacionais do sistema, e irá favorecer na verdade o sistema de transportes individual. O sistema, aliais como já é comum na grande maioria dos BRTs implantados no país, contara apenas com duas faixas, uma por sentido, e estações elevadas em viadutos, e ultrapassagens apenas nas estações, tendo ao seu lado 4 faixas, duas por sentido, para o transporte individual .No conceito original do sistema de BRT devem ser implantadas duas pistas no solo, uma por sentido com duas faixas cada uma, uma faixa de transito e outra de ultrapassagem permanente em toda extensão do corredor, além de contar com a operação de 3 linhas, a paradora, a semi expressa, a e expressa, Além de não ter uma demanda comprovada no trecho que compreende as Avs. Juraci Magalhães Jr e Vasco da Gama as estações elevadas ficam distantes dos bairros que ladeiam o corredor. Por tanto trata-se de um projeto equivocado ligando dois pontos já atendidos pela linha 1 do Metrô num trajeto mais curto e mais rápido. Um projeto com consequências nefastas para o meio ambiente, destruindo uma das áreas mais arborizadas de Salvador, encapsulando um rio urbano, além do excesso de concreto, viadutos e elevados contribuindo negativamente para a impermeabilização do solo e o aumento da temperatura no local. O conteúdo dessa matéria foi elaborado com base em dados fornecidos pelo Min. das Cidades com base na lei de casso a informação. - Quanto a integração ela ainda não atende as reais necessidades dos deslocamentos da população de Salvador e RMS, quanto a racionalização das linhas na verdade ainda não aconteceu, existe apenas uma arremedo. - Enquanto não for criada uma Autoridade Metropolitana de Transportes para administrar, operar e regular todos os sistema de transportes de Salvador e RMS com assistência de um ITS(Intelligent Transport System),a integração total intermodal e a racionalização das linhas de ônibus Urbanos e Metropolitanos, será apenas uma ideia no papel.

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  3. Quanto a qualidade dos ônibus urbanos de Salvador e da RMS, sinceramente nem merece comentários

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  4. Concordo plenamente com o que diz: projeto danoso e equivocado que privilegia otrabsporte privado ao público.
    Quanto à agencia de regulação ela ja existe ne? Contudo a Prefeitura de Salvador se nega areconhecer e cooperar com a entidade. De fato so haverá avanço na integração intermodal se e quando municípios e Estado darem as mãos.

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  5. A Autoridade Metropolitana de Transportes, trata-se de uma entidade autônoma (não é uma agência) criada nos moldes das Autoridades de transportes existentes na Europa e em outros diversos países, com corpo exclusivamente técnico de conselheiros representantes das prefeituras e do estado participantes, sem viés político/partidário, que cuidaria da elaboração de projetos, planejamentos, licitações, operações dos diversos sistemas de transportes, escolha de veículos adequados para cada tipo de operação, desenho de rotas, sistematização e controle de tráfego e segurança, desenvolvendo um trabalho extremamente técnico e qualificado para racionalização, agilidade e eficiência do sistema totalmente integrado com supervisão operacional do ITS.

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