sexta-feira, 21 de julho de 2017

Monotrilho terá mais que o triplo de capacidade do BRT

Transportes sobre trilhos  🚄

O monotrilho, em comparação ao BRT para área (do ABC), é muito mais vantajoso, justamente pela ocupação do espaço no solo. O monotrilho será elevado e não vai impactar o solo, hoje já utilizado pelo trânsito. Ocupar uma duas ou três faixas com BRT resultaria em mais desapropriações e maior custo, e continuará interagindo com trânsito, cruzamento, pedestre e semáforos”, explica Karalyn Moreira.

Bruno Coelho - RD
foto - ilustração
Formato definido pelo governo do Estado de São Paulo para Linha 18-Bronze (Tamantuateí-Djalma Dutra), o monotrilho poderá transportar, por sentido e por hora, 26.120 passageiros do ABC a São Paulo e vice-versa. A projeção é da Scomi, empresa responsável pela fabricação das futuras 32 composições do ramal. Em comparação com um sistema BRT (Bus Rapid Transit), o número cairia para 7.650 usuários.
A projeção foi passada pela diretora comercial da Scomi UTSB, Karalyn Moreira, em entrevista ao canal RDtv, acompanhada pelo diretor acionista da empresa, Halan Lemos Moreira. A Linha 18, que será operada pelo Consórcio VemABC por 25 anos, terá composições com capacidade de 653 passageiros cada, com intervalos previstos de 90 segundos. Ao todo, a expectativa é que trafeguem 40 monotrilhos por sentido a cada hora.
Caso o modal fosse transferido para BRT, ideia alçada pelo prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Orlando Morando (PSDB), no mês passado, e pelo deputado federal Alex Manente (PPS) desde janeiro ao RDtv, a Scomi avalia em uma projeção de 51 ônibus por hora e por sentido, com intervalos iguais, seriam transportados 150 usuários por veículo.
“O monotrilho, em comparação ao BRT para área (do ABC), é muito mais vantajoso, justamente pela ocupação do espaço no solo. O monotrilho será elevado e não vai impactar o solo, hoje já utilizado pelo trânsito. Ocupar uma duas ou três faixas com BRT resultaria em mais desapropriações e maior custo, e continuará interagindo com trânsito, cruzamento, pedestre e semáforos”, explica Karalyn Moreira.
Os executivos defendem que o monotrilho, por ser em vias elevadas, causa menor impacto ambiental, visual e sonoro em comparação com o BRT, por exemplo, além de não sofrer interferência com enchentes. “A viga do (monotrilho) é ‘esbelta’. Pela sustentação em cima de pneus em concreto, tração elétrica, o veículo não gera ruído. Então você ganha mobilidade, ganha acesso, não agride a penetração solar e valoriza a área”, prossegue a diretora.
Uma das razões pelo atraso para o início das obras da Linha 18 passa pela classificação como categoria “C” quanto à capacidade de endividamento do Estado, segundo a Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), vinculada ao Ministério do Planejamento. Por essa razão, cerca de R$ 406,9 milhões para desapropriações, oriundos do Palácio do Planalto, estão travados, cenário no qual o governo paulista tenta reverter.
Halan Moreira garante que o monotrilho da Linha 18 sairá do papel no ABC, embora mostre insatisfação com a burocracia no Brasil. “Na China, por exemplo, falou-se em obras de monotrilho em 2008, as obras se iniciaram em 2011 e em 2017 já conta com 65 km de monotrilho com uma linha pronta e transportando 600 mil passageiros por dia”, compara.
Apesar dos empecilhos, o executivo assegura que uma vez resolvido o entrave da Cofiex ao governo paulista, as obras e a fabricação das composições se iniciam imediatamente. “Já preparamos uma área em Taubaté, porque essas composições da Linha 18 serão fabricadas aqui no Brasil. Também preparamos outro estabelecimento, para receber equipamentos para produção e montagem do monotrilho. Ou seja, adiantamos o nosso lado para ganhar tempo”, diz.
Com 13 estações previstas numa extensão de 15,7 km, a Linha 18 partirá da região central de São Bernardo e passará por Santo André e São Caetano, até chegar na Estação Tamanduateí, em São Paulo. No local, os usuários poderão fazer baldeações para Linha 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena) do Metrô e a Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Na Colômbia, sistema de ônibus teve 4.602 acidentes
Fórmula de sucesso na eficiência ao transporte coletivo, a exemplo de Curitiba (Paraná), um complexo de BRT (Bus Rapid Transit) também pode ter seus ônus. O alerta vem da Colômbia, na capital Bogotá, onde a população conta com a TransMilenio, um sistema de ônibus inspirado no modelo curitibano, com vias que permitem a ultrapassagem entre os coletivos, diferentemente do corredor ABD, operado pela Metra, com uma via cada sentido.
De acordo com o jornal El Espectador, de Bogotá, o SITP (Sistema Integrado de Transporte Público), no qual o BRT da TrasMilenio está incorporado, registrou 4.602 acidentes em 2016, com 29 mortos e 1.613 feridos. Em janeiro, uma falha mecânica nos freios do coletivo foi apontada como causa de um acidente, que vitimou duas pessoas e feriu 28, no bairro Santa Inés, segundo a imprensa colombiana.
Diretor acionista da Scomi UTSB, empresa responsável pela produção dos monotrilhos da Linha 17-Ouro (São Paulo Morumbi-Jabaquara), do Metrô; e Linha 18-Bronze (Tamanduateí-Djalma Dutra), do Consórcio VemABC, Halan Lemos Moreira, diz que o governo de Bogotá já pensa em substituição do tipo de modal em parte do sistema da TransMilenio. As alternativas seriam monotrilho ou metrô pesado.
“O que falta na Colômbia hoje é dinheiro. O recurso que eles tinham foi usado pelo governo no combate às guerrilhas e para subsidiar o sistema (de ônibus) em Bogotá, porque não consegue se sustentar pelo valor da tarifa (varia entre 2.000 a 2.200 pesos colombianos, cotados de R$ 2 a R$ 2,20). Mas os estudos estão ainda embrionários”, pontua.
Halan Moreira avalia que as grandes cidades brasileiras não comportam um sistema amplo como a TransMilenio, devido às ocupações urbanas e altos custos de desapropriações. O diretor ainda reitera que o risco de acidentes num sistema de monotrilho é consideravelmente menor. “O monotrilho opera há mais de 40 anos como sistema de transporte de massa e nunca houve fatalidade”, completa. (BC)
Fonte - Reporter Diário  21/07/2017


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