domingo, 14 de outubro de 2012

QUERO MEU TREM DE VOLTA.......

Transportes sobre trilhos

Viajar de Trem era mais do que uma simples viagem,era diversão,era poder contemplar belas e ricas paisagens que se apresentavam tal como numa tela de cinema em cada uma das janelas dos carros da composição,era poder ter contato com uma outra realidade bem diferente da realidade cosmopolita a qual estávamos acostumados a conviver....

A.Luis
TUE chegando ao pátio da Calçada
ACF/GE -Trens de Salvador
Talvez haja aqui nesse meu escrito uma ponta de nostalgia,de uma certa tristeza,mais não há com esquecer as boas lembranças que guardo bem vivas da minha infância e adolescência dos bons tempos em que subia e descia de Trem na velha Baia.- Baia,...era assim que os nossos irmãos do interior chamavam a capital da Bahia,a cidade de Salvador,quando a ela se referiam nas mais comuns das frases ditas por eles,fulano foi pra Baia,eu vou pra Baia,fulano chegou da Baia,e ai alguém logo indagava...ele veio de que?...veio de Trem ou de Marinete?????!!!...talvez pelo fato de até se considerar naquela época um desrespeito ao Trem, abrir mão do mesmo e se aventurar pelas precárias e poeirentas  estradas de "rodagem" em "marinetes" muito piores do que elas.Viajar de Trem era mais do que uma simples viagem,era diversão,era poder contemplar belas e ricas paisagens que se apresentavam tal como numa tela de cinema em cada uma das janelas dos carros da composição,era poder ter contato com uma outra realidade bem diferente da realidade cosmopolita a qual estávamos acostumados a conviver,era a liberdade de respirar um ar diferente com outro cheiro,de perambular pelos carros do trem,subir e descer,esticar as canelas,prosear aqui e ali,almoçar no carro restaurante e até mesmo viajar nele,saborear os deliciosos lanches preparados para a viagem,de comprar guloseimas pela janela do trem,água,picolé,bolo de carimã,rolete de cana ou algum badulaque que os inúmeros vendedores ambulantes que se espalhavam pelas estações em cada parada do trem, numa correria e gritaria frenética para oferecer e vender os seus produtos pois o tempo era escasso e todos tinham que ser astutos e ligeiros.Durante o ano e muitos  fins de semanas juntava-mos as sacolas e após chegar na velha estação da Calçada embarcando no Trem do subúrbio,ai  rumo a Escada onde todos se aboletavam na casa de nossos tios(a) muitos primos e muita fuzarca,pescarias,banhos de mar caminhadas pelas praias e as brincadeiras da molecada.E assim quando se aproximavam as ferias escolares contava-se os dias para as nossas  viagens  para Sto Amaro cidade natal da nossa mãe de lá rumando para a fazenda no nosso avô onde  passava um pequena ferrovia que cortava as fazendas do local recolhendo as colheitas de cana para leva-las para a usina, ou então as viagens para Esplanada onde tinha-mos uma parentada ( hoje menor) e de lá depois de uma boa estadia rumo ao Conde (de marinete ou carro alugado) a cidade natal do nosso  pai,além das praias do Sítio do Conde e das Poças.Algumas vezes até viajava-mos para outros locais, Sr. do Bonfim por exemplo, onde lá ficava-mos em um hotel da própria rede ferroviária perto da estação.Lembro dos trens da extinta RFFSA em que viajava-mos,um bonito e moderno trem Chamado Marta Rocha que fazia a viagem para Sto.Amaro e Feira de Santana,O Estrela do Norte, o melhor de todos,1ª e 2ª classe, carro restaurante e até  carro leito,um trem bonito,todo metálico que saia de Salvador para Aracaju que nos deixava em Esplanada,metade da sua viagem,ou em Lagoa Redonda quando ia-mos direto para a fazenda de um nosso primo.O de Juazeiro  que passava por Serrinha, e Sr. do Bonfim,era menos "luxuoso",mais popular,porem não menos prazeroso.Havia também o trem Misto( carga e passageiros ) o  Mochila que chegava até a cidade com o antigo nome de Barracão atualmente Rio Real, e outro do qual eu ouvia falar na época,o trem que ia de Salvador para a cidade de Monte Azul em Minas Gerais onde lá fazia a conexão com o famoso Trem Azul.Os anos se passaram os tempos evoluiram, mais esqueceram e abandonaram os nossos trens transformando-os apenas em meras lembranças e não permitiram que eles participassem como na maior parte do mundo dessa evolução da modernidade tecnológica e que dessem a sua real e valorosa e indispensável  contribuição para a Mobilidade Urbana  e para as viagens de medias e longas distancias em nosso pais ( Salvo algumas exceções no caso dos trens da Vale ) tudo isso reflexo da equivocada política rodoviarista adotada pelos governos ao longo dos últimos 60 anos.Alem de viajar pelo Nordeste conhecendo as suas ferrovias que ainda transportam passageiros( muito mais do que aqui em nosso estado) o estado de São Paulo com o Metrô e a CPTM, e não fosse a oportunidade que tive de viajar para a Europa e lá poder subir e descer no Modernos VLTs,Metrôs e cruzar fronteiras no modernos,confortáveis e rápidos TGVs e TAVs a 320 km p/h, ficaria aqui remoendo as lembranças da minha infância quando muitas das vezes juntava-se boa parte da família e viajava-mos todos para uma boa estadia das merecidas ferias nas casas da parentada no interior da "Baia".Do tempo que me lembro resta apenas uma ferrovia mal cuidada abandonada com minguados trens velhos e sucateados que encontram um portão de ferro fechado,barrando a sua trajetória já a muitos anos, logo apos a estação de Paripe, tornado-os prisioneiros de um linha pífia de 13,5 km e de boas lembranças que vão além do portão que hoje os aprisiona....EU QUERO O MEU TREM DE VOLTA.......
Pregopontocom 14/10/2012

4 comentários:

  1. Só pode ter alguma nostalgia quem viveu. O apelo demagógico à bicicleta - como veículo sobre pneus que irá resolver os problemas de mobilidade, inclusive na caótica sampa - tem esse apelo. Afinal, todo mundo se lembra do primeira bicicleta. Quem mandou ser da era do trem. rsrsrsr Abraço

    ResponderExcluir
  2. Pois é....para mim o trem chegou muito antes da bicicleta....ainda bem

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O problema, meu caro, é uma geração inteira que nunca viu ou andou de trem. Não tem registro na memória dela, motivo da bandeira demagógica da bicicleta como panaceia capaz de resolver todos os problemas da mobilidade. Lado bom é que um modal movido a "feijolina". srsrsr

      Excluir
  3. Uma das melhores formas de modernizar e atualizar os sistemas de trens de passageiros em locais em que ainda se utilizam da bitola métrica, é a implantação de bitola em 1,6 m a exemplo do que acontece nas maiores metrópoles brasileiras, observando, uma foto frontal postada, como destas composições de Salvador-BA, Teresina-PI, Campos do Jordão-SP e o bonde Santa Teresa-RJ em bitola de 1,1 m, e que já sofreram múltiplos descarrilamentos e com mortes, pode se visualizar a desproporção da largura da bitola, 1,0m com relação largura do trem “l”=3,15 m x altura “h”= 4,28 m ( 3,15:1) conforme gabarito, o que faz com que pequenos desníveis na linha férrea provoquem grandes amplitudes, oscilações e instabilidades ao conjunto, podendo esta ser considerada uma bitola obsoleta para esta função, tal situação é comum na maioria das capitais no nordeste, exceto Recife-PE.
    Para que esta tarefa seja executada sem grandes transtornos, inicialmente devem ser planejadas e programadas as substituições dos dormentes que só permitem o assentamento em bitola de 1,0 m por outros em bitola mista, (1,0 + 1,6 m ) preferencialmente de concreto, que tem durabilidade muito superior ~50 anos, principalmente os que possuem selas, para após realizar a mudança, observando que para bitola de 1, 6 m o raio mínimo de curvatura dos trilhos é maior .
    Entendo que deva haver uma uniformização em bitola de 1,6 m para trens suburbanos de passageiros e metro, e um provável TMV- Trens de passageiros convencionais regionais em média velocidade, máximo de 150 km/h no Brasil, e o planejamento com a substituição gradativa nos locais que ainda não as possuem, utilizando composições completas como destas 12, (36 unidades) da série 5000 entre outras que virão em que a CPTM-SP colocou em disponibilidade em cidades como Teresina-PI, Natal-RN, Maceió-AL, João Pessoa-PB, Salvador-BA que ainda as utilizam em bitola métrica, com base comprovada em que regionalmente esta já é a bitola nas principais cidades e capitais do Brasil, ou seja: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife, e Curitiba (projeto), e que os locais que não as possuem, são uma minoria, ou trens turísticos.
    Assim como foi feito em São Paulo, que se recebeu como doação, composições usadas procedentes da Espanha na qual originalmente trafegavam em bitola Ibérica, de 1,668m, e que após a substituição dos truques, (rebitolagem) trafegavam normalmente pelas linhas paulistanas em 1,6 m, com total reaproveitamento dos carros existentes, o mesmo poderá ser feita com estes trens que trafegam nestas cidades do Brasil, lembrando que este é um procedimento relativamente simples, de execução econômica, com grande disponibilidade de truques no mercado nacional, facilitando a manutenção e expansão dos serviços, uma vez que todas as implantações das vias férreas pela Valec no Norte e Nordeste rumo ao Sul já são nesta bitola.
    Esta será uma forma extremamente econômica e ágil de se flexibilizar, uniformizar, racionalizar e minimizar os estoques de sobressalentes e ativos e a manutenção de trens de passageiros no Brasil.

    ResponderExcluir

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito